“Encontrei no GBU um sítio com pessoas acolhedoras que me deixaram confortável para colocar as minhas questões”

Damos continuação à rubrica de entrevistas a estudantes que iniciaram recentemente a sua caminhada com Cristo e desta vez a cooperadora Mariana Peguicha conversou com o Lourenço, estudante de Marketing na Universidade de Faro, para conhecermos a história da sua conversão. O Lourenço conta que tinha muitas dúvidas acerca de Deus e que foi no GBU Faro o sítio onde sentiu liberdade para as colocar…

Mariana: Bom dia Lourenço, vamos então começar esta breve entrevista. Podes começar por te apresentares um pouco, dizendo-nos quem és, onde é que estudas, qual é o GBU de que fazes parte e de que forma é que tens estado envolvido no GBU.

Lourenço: Bom dia Mariana. Bem, tal como tu disseste, eu sou o Lourenço. Faço parte do GBU na Universidade do Algarve. Estou a estudar Marketing na Escola Superior de Gestão Hoteleira e Turismo (ESGHT). Gosto de ler, gosto de fazer desporto. Sou um rapaz normal. (risos)

E de que forma é que tens estado envolvido no GBU? 

Comecei a ir ao GBU há cerca de um ano e meio, mais ou menos. Na altura líamos algumas passagens bíblicas e então comecei a perceber um pouco mais da Bíblia e do evangelho em específico porque antes não fazia a mínima ideia do que era o evangelho. E numa primeira vez lembro-me de ouvir e de não perceber muito bem e pensava: “O que é isto? Porque é que eles falam tanto no evangelho? Qual é a importância?”. E fui tendo cada vez mais interesse e familiarizando-me cada vez mais.
Percebi que o GBU é um sítio onde podemos expor as nossas dúvidas e ouvir várias opiniões. E ao ouvir essas opiniões vamos formando uma perspectiva nova que, possivelmente, nunca nos tinha passado pela cabeça, mas que têm base na Bíblia e estão muito bem fundamentadas. 

Então, começaste no ano passado… Também foi quando o GBU Faro reiniciou, e desde então tem sido essa tua caminhada. E hoje em dia és cristão, participas no GBU e também estás numa igreja local. Podes contar-nos sucintamente qual era a tua perspetiva sobre Deus e sobre a fé cristã até à tua conversão? Qual era a tua postura em relação à fé tendo em conta o contexto em que cresceste?

Eu cresci num contexto católico. Fiz a catequese durante três anos, mas mal me lembro… talvez tenha sido dos seis aos oito anos. Lembro-me vagamente que se falava sobre Jesus, mas era tudo muito aborrecido e só lá ia porque era obrigado a ir. Também não compreendia o que o padre pregava e também não se davam muitas explicações daquilo que hoje considero ser importante no que toca ao ensinamento da Bíblia.

Tinha os valores da minha família, claro, aqueles valores que qualquer família dá aos filhos de modo a ter uma boa educação, como não mentir, não fazer mal às outras pessoas, etc.

Acho que sempre acreditei na existência de Deus mas não sabia qual a sua forma, onde é que Ele estava… Eu vivia a acreditar que só ia conhecer Deus quando morresse e que só nesse momento é que saberia se ia para o céu ou para o inferno, de acordo com os meus atos e comportamentos durante a vida. Esta foi a ideia que me foi transmitida enquanto eu crescia.

Já agora uma pergunta por curiosidade: Vivias a pressão de teres que fazer coisas boas e não fazer coisas más de forma a que afetasse a tua vida e até mesmo o teu dia-a-dia?

Eu não diria que vivia essa pressão, mas ao mesmo tempo sabia que ao fazer coisas más ia ter consequências. Mas não fazia essas coisas más por ter receio da consequência vinda de Deus, mas por receio das consequências que ia ter na vida, entendes? 

Fala-nos um pouco da tua conversão. O que te levou a buscar respostas na fé cristã e em que contexto é que isso aconteceu?

Antes de começar a falar da minha conversão, preciso dizer que eu já tinha o hábito de orar. Eu já orava regularmente, embora diferentemente de como oro hoje em dia porque agora já percebo um pouco mais sobre oração. Mas a oração que eu fazia era muito motivada pela gratidão pelas coisas boas que aconteciam na minha vida. Não fazia pedidos nas minhas orações porque não sabia se merecia pedir, então acabava por só agradecer, como uma espécie de meditação de final de dia. 

Mas começando a contar a história da minha conversão, eu comecei a frequentar o GBU e ali eu fazia muitas perguntas. Como os outros membros do grupo frequentavam igrejas locais, sentia que eles conseguiam responder às minhas perguntas com bastante base bíblica e, à medida que ia tendo essas respostas, as coisas iam fluindo e aquilo que eu ouvia ia fazendo cada vez mais sentido para mim. Até que comecei a ir à igreja. Lembro-me que, quando fui a primeira vez à igreja, pensei: “Ah! Isto até é fixe, até gosto e até aprendo qualquer coisa… E ir uma vez de vez em quando não faz mal…”. Mas agora vou todas as semanas e já não me imagino a não ir, já percebo a falta que me faz estar lá semanalmente e sei o quão benéfico é. Antes eu não via as coisas desta forma, pensava que não iria trazer mudança nenhuma na minha vida.

Comecei a receber discipulado e a perceber a base do evangelho, as dúvidas que tinha anteriormente foram-se dissipando e as questões que tinha começaram a encontrar respostas, pelo que o passo para a conversão começou a ficar óbvio. Percebi que, com a informação que já tinha, não fazia sentido voltar atrás.

Tu falaste de como cresceste numa família católica, falaste de que tinhas a percepção de Deus, que oravas regularmente e falaste do GBU, mas falta dizer-nos como é que chegaste ao GBU e porquê. 

Tudo começou numa oração que eu tive diante de Deus. O meu irmão tinha ficado doente na altura e eu decidi orar a Deus para que o meu irmão ficasse bem, porque nunca tinha visto a minha família tão em baixo. Então achei que só Deus podia resolver o problema. O meu irmão teve uma síndrome super rara, algo que atinge em média 1 em cada 100 mil pessoas. Por isso, vi-me na necessidade de orar. Fiz uma oração sozinho no meu quarto e lembro-me de pedir a Deus para que o meu irmão ficasse curado e para que tudo se resolvesse, porque mesmo os médicos diziam que aquilo era um fenómeno raríssimo e que era muito, muito complicado, muito improvável que ele ficasse bem. Havia o risco de ficar com sequelas da doença porque poderia perdurar alguns meses.

Depois de orar, eu senti a presença de Deus nos dias seguintes, senti que Deus tinha ouvido a minha oração e que estava a responder exatamente àquilo que eu tinha pedido e isso fez-me perceber que fazia sentido criar uma relação com Ele. Sentia-me mal por não fazer nada depois de Deus me ter respondido daquela forma; como foi tão bom, achei que conhecer a Deus era o mínimo que eu podia fazer. E foi assim que veio a minha necessidade de começar a ler a Bíblia e depois começar a ir ao GBU.

E foi a nossa amiga Matilde que te encaminhou para o GBU, não foi? 

Exatamente. Eu já sabia que a Matilde ia à igreja e ela já era minha amiga. Eu às vezes tirava dúvidas com ela sobre a Bíblia, tais como: porque é que as coisas estão escritas de certa forma, qual era o sentido disto e daquilo, etc. Ela está a estudar no Porto, mas um dia ela disse-me que havia GBU na minha Universidade em Faro e que eu deveria experimentar. E eu fui de facto experimentar. 

Deus chegou a ti e acredito que isso tenha feito diferença em várias áreas da tua vida. Consegues identificar áreas ou aspectos em que havia um antes e um depois? Alguma coisa que realmente tenha mudado depois de te tornares cristão?

Por exemplo, a necessidade de ir à igreja aos domingos, a oração, a leitura da Bíblia… Antes, eu não tinha interesse na Bíblia mas agora leio com muito gosto e regularidade. Também a maneira como olho para as coisas da vida…antes sentia prazer em coisas diferentes, como sair à noite. Hoje ainda saio à noite, mas isso já não é tão decisivo para o meu bem-estar ou felicidade. Também vivo mudanças na universidade. Por exemplo, a forma como olho para os meus colegas, quando eles fazem ou dizem algo com que não concordo, já tento não julgar tanto e tento colocar-me mais no lugar deles. E nas minhas conversas com eles tento não ser moralista mas sim demonstrar Cristo e ter compaixão.

Ou seja, no fundo, aquilo que estás a dizer é que coisas que são básicas na tua vida, como a tua fonte de prazer, a tua fonte de bem-estar, mudou, não é? Ou seja, se calhar as coisas que antes te traziam alegria e felicidade, agora mudaram. Também a forma como tu vês as pessoas mudou. A forma como tu interages com as pessoas agora já não é uma coisa tão superficial e/ou julgadora mas olhas sim para as pessoas como quem também precisa de Deus. Isso é tão fixe!

Refletindo agora sobre o GBU, o que é que achas que este grupo tem sido para ti? O que é que a participação regular tem acrescentado à tua vida? 

Sobretudo ter sido o espaço onde pude expor as minhas dúvidas. Penso que há jovens que até acreditam na existência de Deus, mas como têm demasiadas dúvidas acabam por não avançar numa decisão em relação à fé. Mas no meu caso eu encontrei no GBU um sítio com pessoas acolhedoras que me deixaram confortável para colocar as minhas questões. Em contraste, penso que a universidade pode ser um ambiente muito hostil às pessoas que têm duvidas sobre fé cristã, mas realmente, na minha experiência, no GBU o ambiente é seguro e não julgador para pessoas com este tipo de dúvidas. Penso que isso é a imagem de Cristo a trabalhar nas pessoas.

Então peço agora que olhes para trás, para o passado. Se tivesses tido uma conversa com o eu do passado, com o Lourenço do passado, antes de se converter, o que é que tu lhe dirias? E o que é que seria mais urgente transmitires a esse Lourenço ou a outros que possam estar a passar por processos semelhantes, talvez estejam confusos, à procura da resposta e à procura de Deus? 

Eu acho que as coisas mais importantes da vida são as coisas que vêm de Deus porque trazem um prazer mesmo genuíno. Tendo isso em mente, uma das coisas que faria ao meu eu do passado seria fazê-lo questionar-se sobre as coisas que lhe dão prazer… será que são obra do acaso, momentâneas e passageiras ou será que podem vir de uma fonte externa, de algo maior e genuinamente bom? E, investigando isso, chegaria à conclusão de que a fonte das coisas boas que nos dão prazer e sentido à vida é Deus. Quando as coisas são mesmo boas, normalmente vêm sempre de Deus. E muita gente vive isso e pode não crer em Deus, pode viver as coisas boas da vida mesmo sem crer em Deus, mas a verdade é que essas coisas vêm de Deus. Tudo o resto fora disso é passageiro e efémero.

Se me cruzasse com um colega que estivesse na mesma situação que eu há uns tempos atrás, primeiro ouviria a suas dúvidas e questões e dir-lhe-ia que também eu tive muitas questões. Depois convidava-o para estudar a Bíblia comigo e/ou com os meus amigos do GBU. Acho importante encaminharmos as pessoas para a Bíblia, mas devemos acompanhá-las nessa investigação, porque explorar a Bíblia sozinho pode ser muito confuso e não levar a lado nenhum, pois trazemos noções que adquirimos ao longo da vida que podem dificultar uma interpretação saudável da Palavra. Nesse sentido, estudar a Bíblia em contexto de grupo foi fundamental para mim e seria isso que eu diria a qualquer pessoa 

Chegámos ao fim da nossa entrevista. Obrigado Lourenço

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