Abílio Silva, vida de alegria, oração e generosidade

Partilha escrita por Helena Sequeira, graduada do GBU e atual membro do Conselho Consultivo do GBU, como tributo ao graduado do GBU Abílio Silva, falecido este mês após doença prolongada.

A minha amizade com o Abílio nasceu no ano em que ele entrou no curso de Engenharia Eletrotécnica na Universidade de Coimbra, sendo eu estudante de PRU na Universidade de Aveiro. Falamos de 1989/1990, no qual o tema do ano no GBU era “Oração”.

Na primavera desse ano, o GBU de Coimbra realizou uma campanha evangelística sob o tema “Qual o significado?” onde o caloiro Abílio participou e recebeu o Senhor Jesus como seu Salvador. Testemunharam-me que um estudante do GBU o abordou perguntando-lhe se queria aceitar Jesus no seu coração e que a resposta foi: “Ó homem, eu não quero outra coisa!”

Vindo de um meio familiar cheio de desafios, foi notória a transformação da sua vida. No final de semana, algumas vezes, o Abílio ia para a sua casa no Avelar, em Penela, apanhando boleia com o padre da terra, e aproveitava esse tempo para conversar sobre a Palavra do Senhor e as experiências que tinha tido. Era tal o entusiasmo com que falava, que levou esse padre, numa missa, a desafiar as pessoas a lerem a Bíblia como o Abílio, dizendo que estava impressionado com o seu conhecimento e como a leitura da Bíblia o tinha tornado numa pessoa que valia a pena imitar.

A nossa amizade cimentou-se muito nos encontros de oração que os graduados do GBU em Coimbra faziam, orando pelos estudantes naquela cidade, e orando entre nós uns pelos outros. Fomos parceiros de oração a vida toda e eu já sinto a sua falta…

Acho que a marca mais relevante na caminhada do Abílio foi a constante alegria com que partilhava o seu amor pelo Senhor Jesus e pelos outros. Tanto em Portugal como nos USA, perante as dificuldades de saúde do seu filho Lucas -19 anos de dependência total, e perante a sua doença que durou 13 anos, nunca ouvi qualquer queixa sua. Dizia-me sempre que “a alegria do Senhor é a nossa força” (Neemias 8:10), e manifestava essa alegria em todas as circunstâncias.

Cada vez que era marcada nova cirurgia ou internamento do Lucas ou dele próprio (e foram muitas), enviava-me pedidos de oração, que começavam impreterivelmente com “O Senhor é bom e eterna a Sua misericórdia” (Salmo 100:5) ou “A benignidade do Senhor dura para sempre” (Salmo 136). Um amigo em comum disse-me um dia que o Abílio era um Jó dos nossos tempos. Concordei com a afirmação, dado as imensos provas de paciência e perseverança que enfrentou, suportado pela graça do Pai.

Não posso deixar de referir que, quando o Abílio começou a trabalhar como engenheiro, angariou vários clientes e, graças a Deus, prosperava financeiramente. Partilhou comigo como estava a ser tão abençoado e que, em gratidão ao Senhor, daria para a obra missionária metade do que recebia. Tinha mesmo um coração generoso! 

Muito mais tinha para compartilhar sobre o meu amigo, mas não posso deixar de expressar, na sequência da comparação da vida do Abílio com a vida de Jó, que há uma diferença grande no tocante às suas esposas: a mulher de Jó disse-lhe para amaldiçoar Deus e morrer; a esposa do Abílio, sua amada Colleen, deu sempre graças a Deus pela vida do Abílio e acompanhou-o em todos os momentos, mostrando ser uma verdadeira mulher de Deus, serva do Senhor.

Neste sentido, gostaria de partilhar que agora a Colleen continuará a cuidar dos dois filhos sem o seu marido. Ele já tem alegria completa junto do Senhor Jesus que ele tanto amava; mas sei que o desejo do Abílio era que a Colleen e os meninos tivessem alguma ajuda para estes tempos mais próximos. 

Uns amigos criaram uma campanha de angariação que ainda está a decorrer e é muito necessária. Agradeço, de coração, a todos os que já ajudaram e aos que ainda vão contribuir e não esqueçamos de orar por esta amada família: 

Helena Sequeira

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