Discurso de Finalista – Tiago Marques

Discurso de Finalista – Tiago Marques

[Este discurso foi proferido na Bênção de Finalistas do GBU em Coimbra no passado dia 20 de Maio de 2023.]

Foi-me pedido para dar uma palavra enquanto estudante que celebra o fim de um percurso académico, o fim de uma etapa única da vida dum jovem adulto. Neste momento, acho que todos nós estamos num espírito de recordação, em que olhamos para trás e vemos todos os momentos, circunstâncias, lugares, pessoas, que marcaram este percurso. Acho que é unânime que nenhum de nós sai da universidade como entrou, em nenhum aspeto. Para mim, a universidade e a academia foi sempre algo incutido em mim desde pequenino, clássico duma pessoa nascida e criada em Coimbra, que até aprendeu o grito académico na escola primária! Antes de ingressar no ensino secundário, talvez encarasse a universidade apenas como um passo normal na vida de um cidadão português que tenha possibilidade de aceder ao ensino superior. Depois, quando as notas do secundário começaram a entrar na equação, pensava na universidade como um alvo, algo a alcançar, algo que exigiria trabalho e dedicação, basicamente um prémio depois de 12 anos de ensino obrigatório. Não sei se está aqui alguém que tenha esta ideia de universidade, mas decerto era a minha.

Contudo, o meu percurso na universidade mudou completamente a minha visão sobre esta. Como sabem, sou estudante, pelo menos até entregar a tese! Mas, mais decisivo do que isso, sou cristão, um seguidor de Jesus. E, por mais estranho que possa parecer à primeira vista, a experiência universitária foi extremamente importante para a minha fé. Na Bíblia, lemos a história de Jesus, que sendo Deus, veio a este mundo imperfeito e cheio de injustiças (e na universidade há muitas que se evidenciam na vida de todos os estudantes) para viver uma vida perfeita e proporcionar uma maneira gratuita do ser humano ser libertado daquilo que provoca as imperfeições e injustiças do mundo! Jesus diz, num dos relatos biográficos da sua vida, para O seguirem todos aqueles que se sentirem cansados e oprimidos, com a promessa de que Ele os aliviará! Na universidade pude ver o impacto destas boas notícias de forma muito palpável. Na universidade, e na nossa cultura em geral, não é comum dar algo sem esperar algo em troca. Ou seja, tens boas notas se estudares ou se fores um crânio naquela matéria. És popular na academia se fores a todas as praxes e convívios. Estes são só alguns exemplos que mostram o quanto é natural esta visão da vida. Mas, em Jesus, podemos apenas receber essa prenda sem ter de dar nada em troca! E isto choca de frente com a cultura universitária, mas, para meu espanto, não afasta as pessoas de quererem saber mais, bem pelo contrário! Nesse sentido, este grupo, o GBU, proporcionou, ao longo dos 5 anos em que estive envolvido, inúmeras oportunidades para que pessoas da comunidade estudantil pudessem investigar mais acerca de Jesus, esta pessoa tão misteriosa e ao mesmo tempo impactante! E foi isso que me fez mudar radicalmente a minha visão sobre a universidade. A universidade não foi um passo natural na minha caminhada enquanto cidadão português. Nem foi um prémio de mérito por 12 anos de escolaridade concluídos com sucesso. Foi antes o local para onde Deus me enviou para poder aprender mais sobre Ele e para poder partilhar esta esperança com os colegas à minha volta, testemunhando e experimentando em primeira mão o impacto desta esperança na vida das pessoas! E, quando finalmente adotei esta nova perspetiva, a minha atitude mudou, para com a universidade, para com as avaliações, para com as notas, para com a gestão de tempo, para com as pessoas à minha volta. Agora, como alguém que está a terminar uma das mais importantes etapas da vida, olho para trás e vejo que, nestes 5 anos, Deus trabalhou na minha vida e na vida de imensos estudantes com os quais tive oportunidade de conviver. E acho que este mesmo testemunho permeia as experiências de cada estudante finalista aqui presente.

Acho que, depois de passarmos pela universidade, nenhum de nós, finalistas, ficou indiferente a este contexto. Aliás, a universidade é famosa por ser o sítio “onde mais se molda o carácter da pessoa que por lá passa”. É o sítio onde aprendemos sobre as mais diversas matérias e adquirimos conhecimentos incríveis sobre o mundo ao nosso redor. E também é o sítio onde podemos aprender mais sobre quem nós somos, sobre o nosso propósito na vida, e é o sítio ideal para tomarmos uma decisão de como queremos viver o resto da nossa vida. E esse é também o desafio que faço a cada pessoa aqui presente, quer seja estudante ou não. A universidade pode ser o local onde muitas pessoas, tais como eu, tomam essa decisão cujo impacto se repercute por toda a vida. Mas a oportunidade de pensarmos e tomarmos uma decisão sobre o rumo da nossa vida aparece todos os dias quando acordamos.

Aos finalistas aqui presentes, nos quais eu também me incluo: acho que todos estamos com um misto de sentimentos. Receio, talvez, por entrarmos no “mundo real”, ou ansiedade por começarmos a pensar noutros projetos de vida. O meu desafio para mim e para todos os finalistas que aqui estão é que este tempo universitário em que fomos moldados enquanto pessoas possa não ser apenas uma boa memória que permanece vagamente no futuro, mas que, quando atravessarmos outros desafios que a vida proporcionará, nos possamos lembrar da maneira como Deus dirigiu uma fase tão marcante das nossas vidas, e que possamos estar confiantes de que, nos outros desafios, Deus continuará a dirigir. E que possamos aprender com aquilo que vivemos na faculdade: que para onde quer que vamos, qualquer que seja o emprego, a empresa, a cidade, o país ou até o continente, esse será o local onde Deus nos colocará para podermos aprender mais sobre Ele, sobre nós mesmos, e podermos partilhar a esperança com aqueles que nos rodeiam.

O Tiago Marques é finalista no Mestrado em Engenharia Física pela Universidade de Aveiro. Durante o seu percurso pelo GBU fez parte da direção estudantil do GBU Coimbra e depois foi membro da Direção Nacional Estudantil durante os dois últimos anos letivos.

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